segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Genéricos.

Ando meio deprimida esses dias. Tenho observado pessoas que sempre considerei amigas ou pelas quais possuo alguma espécie de afeto e vejo que, muitas vezes, se o relacionamento de amizade se manteve até hoje, foi por insistência minha.. e não por esforço e vontade da outra pessoa.
Sabe aquela sensação de que você é indiferente para a maioria daqueles que conhece? Que, se você desaparecesse, poucas pessoas realmente perceberiam e um número ainda menor sentiria de fato sua falta?
É isso o que tenho sentido.. Fico pensando se é só comigo que as coisas funcionam assim, ou se todos nós estamos fadados à solidão, por mais que estejamos cercados por contatos no facebook, por colegas de trabalho, de turma, de sala, enfim, por possibilidades de convívio e interação social.
Às vezes, dá vontade de chegar a cada uma dessas pessoas e dizer um grande e sonoro: vá se fuder!
Mas não dá pra sair fazendo isso com todo mundo que merece né.. Mesmo porque sempre corremos o risco de nos arrepender depois, quando a raiva e a indignação passam.. infelizmente, em algum momento elas passam.
Então o melhor é fazer um post como esse, genérico, como parecem ser os relacionamentos de hoje.. genéricos.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Não me recordo ao certo quando foi a última vez que escrevi aqui... Ando numa correria tão fenomenal, nos últimos meses, tantas coisas me aconteceram e continuam acontecendo, que acabo me esquecendo de postar algo.
Mas esses dias, senti a necessidade de escrever, novamente... Não sei ao certo o que se passa, mas ando numa angústia sem tamanho. Minha paciência quase não existe.. Minha tolerância também corre perigo.
Não sei se é efeito dos hormônios ou se as perspectivas são ruins.. espero que seja efeito dos hormônios... Mas pode, também, ser consequência do stress a que me submeti na semana passada... Tensões que me machucaram.
Como é difícil lidar com pessoas diferentes de nós, não? Como é difícil lidar com visões de mundo que não concordamos, pois sabemos o quão perigosas podem ser.. Acho que todas essas tensões me derrubaram mais do que eu imaginei que fossem capazes de derrubar.
Eu imagino que esteja tudo muito vago, nesse post... mas não quero falar muito além disso.
Acho que nem pra escrever, direito, eu estou servindo nesse momento.
Ando com uma vontade imensa de fugir, nem sei para onde. Obviamente sei que não adianta.. acho que queria fugir desse incômodo. Queria voltar pro momento em que as coisas não estavam tão pesadas de se carregar.. Espero que esse momento volte logo, aliás.
Porque, do jeito que está, não dá..

domingo, 15 de janeiro de 2012

Faz séculos que não posto nada aqui, acho que nem deve ter alguém que ainda passe para ler ou ver se tem novidades.. mas hoje resolvi criar vergonha na cara e postar um dos inúmeros trechos do livro 1984, do George Orwell, que me chamaram a atenção e me fizeram refletir sobre o quanto já vivemos, em talvez menor escala, aparentemente, as coisas que ele narra... a vigilância sobre o que pensamos e fazemos, o domínio externo sobre nossas ideias, a manipulação, a alienação, a coisificação do ser humano. Claro que talvez não estejamos no mesmo ponto do livro que, como toda a obra de ficção (?), possui liberdade poética para criar ou aumentar certos fatos.. mas às vezes penso se realmente ainda não chegamos a esse ponto ou se apenas não somos totalmente capazes de perceber nossas amarras.. 
Pensar sobre isso não é exatamente reconfortante. Mas é importante, eu acho...
Fica, então, a dica de leitura... e pra animar quem estiver disposto, vai ai um pouquinho do que terão se lerem o livro. :)


“- Não vês que todo o objetivo da Novilíngua é estreitar a gama do pensamento? No fim, tornaremos a crimideia literalmente impossível, porque não haverá palavras para expressá-la. Todos os conceitos necessários serão expressos exatamente por uma palavra, de sentido rigidamente definido, e cada significado subsidiário eliminado, esquecido. Já, na Décima Primeira Edição, não estamos longe disso. Mas o processo continuará muito tempo depois de estarmos mortos. Cada ano, menos e menos palavras, e a gama de consciência sempre uma pausa menor. Naturalmente, mesmo em nosso tempo, não há motivo nem desculpa para cometer uma crimideia. É apenas uma questão de disciplina, controle da realidade. Mas no futuro não será preciso nem isso. A Revolução se completará quando a língua for perfeita. Novilíngua é Ingsoc e Ingsoc é Novilíngua – agregou com uma espécie de satisfação mística. – Nunca te ocorreu, Winston, que por volta do ano de 2050, o mais tardar, não viverá um único ser humano capaz de compreender esta nossa palestra?
(...)
- (...) Por volta de 2050, ou talvez mais cedo, todo verdadeiro conhecimento da Anticlíngua terá desaparecido. A literatura do passado terá sido destruída, inteirinha. Chaucer, Shakespeare, Milton, Byron – só existirão em versões Novílingua, não apenas transformados em algo diferente, como transformados em obras contraditórias do que eram. Até a literatura do Partido mudará. Mudarão as palavras de ordem. Como será possível dizer “liberdade é escravidão”, se for abolido o conceito de liberdade? Todo mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. Ortodoxia quer dizer não pensar... não precisar pensar. Ortodoxia é inconsciência.” ( 1984 – George Orwell)