tag:blogger.com,1999:blog-37367962982043061562024-02-19T00:48:59.892-08:00Kafka no mundo de Van GoghJulianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.comBlogger181125tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-10681173449126227692014-09-21T19:59:00.000-07:002014-09-21T19:59:43.654-07:00Tudo assume outra proporção quando me lembro de você. E tudo se torna vazio e pequeno quando me lembro da sua morte.<br />Não sei como a gente pode se "esquecer" da morte de alguém que amamos, mas, lembrar desse fato todos os dias, o dia inteiro, pelo resto de nossas vidas, seria insuportável. Acho que é por isso que passamos os dias, muitas vezes, no esquecimento... assim, quando a lembrança vem à tona, e as recordações nos povoam, e a consciência da morte retorna, a gente pode, finalmente, por um momento, sofrer e chorar e sentir.. pra depois poder continuar, mesmo sentindo a dor e a saudade, que, no final das contas, estão sempre aqui dentro de nós... apenas um pouco adormecidas.<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=bAJ_74tDZzU">The Smiths - I know it's over</a>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-80138287387577957112014-07-16T13:07:00.000-07:002014-07-16T13:11:52.461-07:00Adeus ao meu amor<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">eu queria dizer que ‘os dias choveram’</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">mas a gramática não me deixa</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">ela diz que chover</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">em sentido próprio</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">é impessoal</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">não pode ter sujeito</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc;"><br style="font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /></span>
<span style="background-color: black; color: #cccccc; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">só mesmo a gramática</span><br />
<span style="background-color: black; color: #cccccc;"><span style="font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">pra achar que é impessoal</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><br />o que tantos dias de chuva<br />me fizeram<br /><br />claro que foi a chuva<br /><br />não foi o álcool<br />nem a nicotina<br />nem a alimentação precária<br />nem a depressão<br />crônica<br /><br />muito menos a falta de expectativas<br />ou a desídia<br />a falta de auto-estima<br />ou de qualquer estima<br /><br />não foram as fotos dela<br />os fatos<br />as falas<br />que ecoam<br /><br />não foi o desespero<br />nem o medo<br />nem nada<br />menos ainda<br />o nada<br /><br />foram<br />os<br />dias<br /><br />sua<br />chuva<br /><br />e<br />sim<br />FOI<br />pessoal.<br /><br />Daniel Kamykovas<br /><br /><br />Eu te dou o meu adeus Dan, você que foi o mais importante de todos para mim, aquele que eu realmente amei, e ainda amo. Meu amigo, companheiro. Os últimos 2 anos nos afastaram, mas nunca deixei de pensar em você e de lembrar de você, com carinho. Muitas vezes, quis lhe escrever, e dizer o quanto você era amado por mim, o quanto meu coração transbordava de afeto por você, o quanto você era especial, e o quanto eu te agradecia por tudo. Mas tive receio de ser mal interpretada, de não ser aceita. Foi um direito seu se afastar... por mais que isso doa. E hoje eu lamento sua partida, e, se ainda me lembro do que é isso, rezo pra que algo exista após a morte, porque a ideia da sua finitude me desola. Queria muito te rever. Devia ter te procurado, mas não cabia só a mim a procura, e, no final, não sei se você gostaria que eu te procurasse. Só quero dizer que te amo, acima de tudo, e pra sempre.</span></span><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUxA8fm9gmZmg9KkxI-9PYhT_M7AHO5DRYarAiV1qqft29Q3nYqfjO1Jmczv81akuVWYGocVomQvTQ4dVw4JE6Lrphezq82431zModIqpjucaZBZxPOQuUyUV7He1VXETE1lQizA4pWg/s1600/dan+26.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUxA8fm9gmZmg9KkxI-9PYhT_M7AHO5DRYarAiV1qqft29Q3nYqfjO1Jmczv81akuVWYGocVomQvTQ4dVw4JE6Lrphezq82431zModIqpjucaZBZxPOQuUyUV7He1VXETE1lQizA4pWg/s1600/dan+26.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
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<br /></div>
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<span style="color: #cccccc;"><span style="background-color: black;">Ps: uma vez você disse que eu abandonei meu blog, mas que ele nunca me abandonaria. É verdade</span><span style="background-color: black;">.</span></span></div>
Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-11671141976506683022012-08-13T15:33:00.000-07:002014-07-16T12:43:47.474-07:00Genéricos.Ando meio deprimida esses dias. Tenho observado pessoas que sempre considerei amigas ou pelas quais possuo alguma espécie de afeto e vejo que, muitas vezes, se o relacionamento de amizade se manteve até hoje, foi por insistência minha.. e não por esforço e vontade da outra pessoa.<br />
Sabe aquela sensação de que você é indiferente para a maioria daqueles que conhece? Que, se você desaparecesse, poucas pessoas realmente perceberiam e um número ainda menor sentiria de fato sua falta?<br />
É isso o que tenho sentido.. Fico pensando se é só comigo que as coisas funcionam assim, ou se todos nós estamos fadados à solidão, por mais que estejamos cercados por contatos no facebook, por colegas de trabalho, de turma, de sala, enfim, por possibilidades de convívio e interação social.<br />
Às vezes, dá vontade de chegar a cada uma dessas pessoas e dizer um grande e sonoro: vá se fuder!<br />
Mas não dá pra sair fazendo isso com todo mundo que merece né.. Mesmo porque sempre corremos o risco de nos arrepender depois, quando a raiva e a indignação passam.. infelizmente, em algum momento elas passam.<br />
Então o melhor é fazer um post como esse, genérico, como parecem ser os relacionamentos de hoje.. genéricos. <br />
<br />
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<br />Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-90499002399233814312012-05-29T15:00:00.000-07:002012-05-29T15:00:18.007-07:00Não me recordo ao certo quando foi a última vez que escrevi aqui... Ando numa correria tão fenomenal, nos últimos meses, tantas coisas me aconteceram e continuam acontecendo, que acabo me esquecendo de postar algo.<br />
Mas esses dias, senti a necessidade de escrever, novamente... Não sei ao certo o que se passa, mas ando numa angústia sem tamanho. Minha paciência quase não existe.. Minha tolerância também corre perigo.<br />
Não sei se é efeito dos hormônios ou se as perspectivas são ruins.. espero que seja efeito dos hormônios... Mas pode, também, ser consequência do stress a que me submeti na semana passada... Tensões que me machucaram.<br />
Como é difícil lidar com pessoas diferentes de nós, não? Como é difícil lidar com visões de mundo que não concordamos, pois sabemos o quão perigosas podem ser.. Acho que todas essas tensões me derrubaram mais do que eu imaginei que fossem capazes de derrubar.<br />
Eu imagino que esteja tudo muito vago, nesse post... mas não quero falar muito além disso.<br />
Acho que nem pra escrever, direito, eu estou servindo nesse momento.<br />
Ando com uma vontade imensa de fugir, nem sei para onde. Obviamente sei que não adianta.. acho que queria fugir desse incômodo. Queria voltar pro momento em que as coisas não estavam tão pesadas de se carregar.. Espero que esse momento volte logo, aliás.<br />
Porque, do jeito que está, não dá..<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIRanxGcHj6pxi_iMfqMfLfSE5PolB2YcRS7Mg6gfZzNjHKra76lGpIZSUAKB8gGaQQZJ6saOVR9VFZQtWWPYuUyaYsGM4RMr_AduU4PY9Z4vh-AyidotgAZIR0obpckrCiD-2DHhgrv0/s1600/munch-suplicio-por-alivio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIRanxGcHj6pxi_iMfqMfLfSE5PolB2YcRS7Mg6gfZzNjHKra76lGpIZSUAKB8gGaQQZJ6saOVR9VFZQtWWPYuUyaYsGM4RMr_AduU4PY9Z4vh-AyidotgAZIR0obpckrCiD-2DHhgrv0/s320/munch-suplicio-por-alivio.jpg" width="320" /></a></div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-45439553236719782842012-01-15T20:44:00.000-08:002015-01-09T18:46:49.840-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL6Yw3pid-ZT_awDFBM1-7sHHA5gAU_RQ-Q_KGmUfwxWHtLMbumOrsWNujYRPLdMl5VFLoONXkyvyb0nkAlibqgSXhDbqEGZMmpOVdX6Dc55GUAKjZbVO-nZLBS3uC1zF_I3U734-vOiQ/s1600/herolarge.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL6Yw3pid-ZT_awDFBM1-7sHHA5gAU_RQ-Q_KGmUfwxWHtLMbumOrsWNujYRPLdMl5VFLoONXkyvyb0nkAlibqgSXhDbqEGZMmpOVdX6Dc55GUAKjZbVO-nZLBS3uC1zF_I3U734-vOiQ/s1600/herolarge.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<i>Faz séculos que não posto nada aqui, acho que nem deve ter alguém que ainda passe para ler ou ver se tem novidades.. mas hoje resolvi criar vergonha na cara e postar um dos inúmeros trechos do livro 1984, do George Orwell, que me chamaram a atenção e me fizeram refletir sobre o quanto já vivemos, em talvez menor escala, aparentemente, as coisas que ele narra... a vigilância sobre o que pensamos e fazemos, o domínio externo sobre nossas ideias, a manipulação, a alienação, a coisificação do ser humano. Claro que talvez não estejamos no mesmo ponto do livro que, como toda a obra de ficção (?), possui liberdade poética para criar ou aumentar certos fatos.. mas às vezes penso se realmente ainda não chegamos a esse ponto ou se apenas não somos totalmente capazes de perceber nossas amarras.. </i><br />
<i>Pensar sobre isso não é exatamente reconfortante. Mas é importante, eu acho...</i><br />
<i>Fica, então, a dica de leitura... e pra animar quem estiver disposto, vai ai um pouquinho do que terão se lerem o livro. :)</i><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“- Não vês que todo o objetivo da Novilíngua é estreitar a gama do pensamento? No fim, tornaremos a crimideia literalmente impossível, porque não haverá palavras para expressá-la. Todos os conceitos necessários serão expressos exatamente por uma palavra, de sentido rigidamente definido, e cada significado subsidiário eliminado, esquecido. Já, na Décima Primeira Edição, não estamos longe disso. Mas o processo continuará muito tempo depois de estarmos mortos. Cada ano, menos e menos palavras, e a gama de consciência sempre uma pausa menor. Naturalmente, mesmo em nosso tempo, não há motivo nem desculpa para cometer uma crimideia. É apenas uma questão de disciplina, controle da realidade. Mas no futuro não será preciso nem isso. A Revolução se completará quando a língua for perfeita. Novilíngua é Ingsoc e Ingsoc é Novilíngua – agregou com uma espécie de satisfação mística. – Nunca te ocorreu, Winston, que por volta do ano de 2050, o mais tardar, não viverá um único ser humano capaz de compreender esta nossa palestra?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
(...)</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- (...) Por volta de 2050, ou talvez mais cedo, todo verdadeiro conhecimento da Anticlíngua terá desaparecido. A literatura do passado terá sido destruída, inteirinha. Chaucer, Shakespeare, Milton, Byron – só existirão em versões Novílingua, não apenas transformados em algo diferente, como transformados em obras contraditórias do que eram. Até a literatura do Partido mudará. Mudarão as palavras de ordem. Como será possível dizer “liberdade é escravidão”, se for abolido o conceito de liberdade? Todo mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. <b>Ortodoxia quer dizer não pensar... não precisar pensar. Ortodoxia é inconsciência.</b>” ( 1984 – George Orwell)<b><o:p></o:p></b></div>
Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-44010443870032579982011-05-16T08:34:00.000-07:002015-01-09T19:21:46.504-08:00<em>Desde adolescente, escuto minha mãe e outras pessoas cujos conselhos considero importantes dizerem que, quando algo nos aflige muito e não sabemos ao certo o que fazer ou pensar, é sempre bom pegarmos um livro, religioso ou não, e perguntarmos ao universo aquilo sobre o que gostaríamos de ter uma resposta.</em><br />
<em>Nem sempre eu faço isso... mas hoje eu estava lendo "Mulheres que correm com os lobos", da psicanalista Clarissa Pinkola Estés, e resolvi testar... Desconsiderando os aspectos pessoais do caso, vou reproduzir o trecho aqui, porque é bem interessante.</em><br />
<br />
<strong>A perseguição e a tentativa de se ocultar</strong><br />
<br />
"A natureza da morte tem o estranho hábito de surgir nos casos de amor exatamente no instante em que temos a sensação de ter conquistado alguém, exatamente quando sentimos que fisgamos "um peixe grande". É então que a natureza da vida-morte-vida vem à tona e deixa todo mundo apavorado. É nesse estágio que se desenvolve mais o pensamento tortuoso a respeito dos motivos pelos quais o amor não pode, não deve e não vai dar "certo" para qualquer das partes interessadas. É nesse estágio que as pessoas se enfurnam na toca. Trata-se de um esforço para se tornar invisível. Invisível ao parceiro? Não. Invisível à Mulher-esqueleto. É esse o objetivo real de toda essa correria à procura de um lugar para se esconder. No entanto, como estamos vendo, não há nenhum lugar onde possamos nos esconder.<br />
A psique racional vai pescar à procura de algo que seja profundo e não só fisga o que procurava mas fica tão assustada que mal pode tolerar. Os amantes têm uma sensação de que algo os persegue. Às vezes pensam que é o outro quem empreende a perseguição. Na realidade, é a Mulher-esqueleto. No início, quando estamos aprendendo a amar de verdade, não compreendemos bem muitas coisas. Achamos que ela nos persegue, quando de fato nossa intenção de nos relacionarmos com outro ser humano de um modo especial é o que fisga a Mulher-esqueleto de tal forma que ela não consegue fugir de nós. Onde quer que o amor esteja nascendo, a força da vida-morte-vida sempre virá à tona. Sempre.<br />
Portanto, aqui estão o pescador e a Mulher-esqueleto, completamente enredados um no outro. Enquanto a Mulher-esqueleto segue aos trancos o pescador apavorado, ela começa uma participação primitiva na vida: sente fome e come peixe seco. Mais tarde, quando ela se aproxima ainda mais da vida, ela sacia sua sede com a lágrima do pescador.<br />
Vemos esse estranho fenômeno em todos os casos de amor: quanto mais ele corre, maior velocidade ela alcança. Quando um parceiro ou o outro tenta fugir do relacionamento, esse relacionamento paradoxalmente recebe mais vida. Quanto mais vida é gerada, mais assustado fica o pescador. E quanto mais ele corre, mais vida se cria. Esse fenômeno é uma das principais tragicomédias da vida.<br />
(...)<br />
Esses vislumbres no interior da Mulher-esqueleto fazem com que os aprendizes do amor peguem suas varas de pescar e saiam por aí à toda, esforçando-se para se distanciar dela o máximo possível. A Mulher-esqueleto é imensa e misteriosa; sua numinosidade é deslumbrante. Em termos psíquicos, ela se estende de um horizonte ao outro e desde o céu até o inferno. Ela é grande demais para se abraçar. Mesmo assim, não é de supreender que as pessoas corram para abraçá-la. O que se teme pode fortalecer, pode curar. <br />
A fase de correr e de se esconder é o período no qual os amantes tentam racionalizar seu medo dos ciclos de amor da vida-morte-vida. Eles dizem "Posso me dar melhor com outra pessoa", "Não quero renunciar a meu ....", "Não quero mudar minha vida", "Não quero encarar minhas feridas, nem as de ninguém mais", "Ainda não estou pronto" ou ainda "Não quero ser transformado sem primeiro saber nos ínfimos detalhes como vou ficar/me sentir depois."<br />
É uma fase em que os pensamentos ficam todos confusos, quando se quer procurar um abrigo a todo custo e quando o coração bate, não tanto por amor ou por se sentir amado, quanto por um terror humilhante. Ser encurralado pela Morte! Ai! O horror de enfrentar a força da vida-morte-vida pessoalmente! Ai, ai!<br />
Há quem cometa o erro de pensar que está fugindo do relacionamento com o parceiro. Não está, não. Não está fugindo do amor ou das pressões do relacionamento. Está tentando correr mais rápido do que a misteriosa força da vida-morte-vida. A psicologia diagnostica essa situação como "medo da intimidade, medo do envolvimento". No entanto, esses são apenas sintomas. A questão mais profunda é de descrença e desconfiança. Aqueles que fogem sempre temem viver de fato de acordo com os ciclos da natureza selvagem.<br />
Pois nesse ponto A Morte persegue o homem pelas águas, cruzando a fronteira entre o inconsciente e a terra firme da mente consciente. A psique consciente percebe o que fisgou e tenta desesperadamente correr mais do que a presa. Constantemente agimos assim nas nossas vidas. Algo de apavorante mostra sua cara. Nós não estamos prestando atenção e continuamos a puxar a linha, imaginando se tratar de uma boa pesca. É um achado, mas não do tipo que estávamos imaginando. É um tesouro que infelizmente aprendemos a temer. Por isso, tentamos fugir ou jogá-lo de volta; tentamos embelezá-lo ou torná-lo o que não é. Isso, porém, nunca funciona. No final, todos temos de beijar a megera.<br />
O mesmo processo ocorre no amor. Queremos só a beleza, mas acabamos tendo de encarar a "perversa". Empurramos a Mulher-esqueleto para longe de nós, mas ela insiste. Nós corremos. Ela acompanha. Ela é a grande mestra que sempre dissemos que queríamos. "Não, não essa mestra!" berramos. Queremos uma outra. Que pena. Essa é a mestra que cabe a todos. <br />
Há um ditado que diz que, quando o aluno está pronto, o professor aparece. Isso quer dizer que o professor chega quando a alma, não o ego, está pronta. O mestre vem quando a alma chama - e graças a Deus que isso aconteça pois o ego nunca está perfeitamente pronto. Se dependesse apenas do preparo do ego o fato de o mestre ser atraído até nós, permaneceríamos essencialmente sem mestres pela vida afora. Somos abençoados, já que a alma continua transmitindo seu desejo ignorando as opiniões inconstantes do ego.<br />
Quando as coisas ficam enredadas e assustadoras nos relacionamentos amorosos, as pessoas receiam que o fim esteja próximo, mas isso não é verdade. Como se trata de uma questão arquetípica e como a Mulher-esqueleto realiza o trabalho do Destino, espera-se que o herói saia correndo pelo horizonte afora, espera-se que A Morte o acompanhe de perto, espera-se que o aprendiz de amante se enfie na sua choupana, ofegante e arquejante, com a esperança de estar são e salvo. E espera-se que a Mulher-esqueleto consiga também entrar nesse abrigo seguro. Espera-se que ele a desemaranhe e assim por diante.<br />
Nos namoros modernos a ideia de "dar um tempo" é semelhante ao pequeno iglu do pescador, lugar onde ele se sente em segurança. Às vezes, esse medo de enfrentar a natureza da morte é desvirtuado, transformando-se numa atitude de "fuga da raia", na tentativa de manter apenas os aspectos agradáveis do relacionamento, deixando de lado o vínculo com a Mulher-esqueleto. Isso nunca funciona.<br />
Essa atitude provoca extrema ansiedade no parceiro que não está "dando um tempo", pois ele próprio está disposto a se encontrar com a Mulher-esqueleto. Ele se preparou, se fortaleceu e está tentando manter seus temores sob controle. E agora, no exato instante em que está pronto para decifrar o mistério, no momento em que um ou o outro está prestes a batucar no coração e conjurar a uma vida juntos, um dos parceiros grita "ainda não, ainda não" ou "não, nunca, nunca".<br />
Há uma enorme diferença entre a necessidade de solidão e renovação e o desejo de "dar um tempo" para evitar a inevitável ligação com a Mulher-esqueleto. No entanto, a ligação, no seu sentido de aceitação da natureza da vida-morte-vida e de permuta com ela, é o passo seguinte na direção de um fortalecimento da nossa capacidade para amar. Aqueles que entrem num relacionamento com ela conquistarão um duradouro talento para o amor. Aqueles que se recusarem não conquistarão nada. Não há como evitar isso.<br />
Todos os "ainda não estou pronto", todos os "preciso de tempo" são compreensíveis por um curto período. A verdade é que não existe sensação de se estar "completamente pronto" ou de ser aquela a "hora certa". Como acontece em qualquer mergulho no inconsciente, chega uma hora em que simplesmente torcemos que dê certo, apertamos o nariz e saltamos no abismo. Se não fosse assim, não teríamos precisado criar as palavras herói, heroína ou coragem.<br />
É preciso realizar o trabalho do aprendizado da natureza da vida-morte-vida. Rejeitda, a Mulher-esqueleto afunda para debaixo d'água, mas ela surgirá novamente e sairá no nosso encalço insistente. É essa a sua função. A nossa função é a de aprender. Se quisermos amar, não há como evitar esse aprendizado. O trabalho de abraçá-la é uma tarefa. Sem uma tarefa desafiadora, não pode haver transformação. Sem uma tarefa, não há uma satisfação verdadeira. Amar os prazeres é fácil. Já amar de verdade exige um herói que consiga controlar seu próprio medo.<br />
Admite-se que muitas pessoas mesmo alcancem esse estágio de "fugir e se esconder". Algumas infelizmente voltam sempre a ele. A entrada na toca está marcada com sulcos desesperados. No entanto, quem quer amar imita o pescador. Ele se esforça para acender o fogo e encarar a natureza da vida-morte-vida. Ele contempla o que teme e, paradoxalmente, reage com convicção e assombro."<br />
<br />
<br />
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Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-2911388048289078892011-05-05T14:57:00.001-07:002011-05-05T15:10:16.716-07:00O assassinato de Osama e os absurdos por detrás disso...<em>04.05.11 - Mundo </em><br />
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<br />
<strong><br />
</strong><br />
<strong><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Assassinato de Estado esvazia ideia de justiça internacional</span></strong><br />
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<br />
<em>Marcelo Semer</em><br />
<br />
<em>Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr)</em><br />
<br />
Adital<br />
<br />
<br />
<br />
Osama Bin Laden era um bárbaro terrorista.<br />
<br />
Mesmo depois de sua morte, é impossível ter compaixão ou piedade por quem, conscientemente, assumiu a responsabilidade pelo homicídio em massa de milhares de inocentes civis.<br />
<br />
Mas nada disso oculta a realidade de domingo: seu assassinato é um ato de vingança, não de justiça.<br />
<br />
Em 1945, com a rendição de alemães e japoneses, os aliados discutiam o que fazer com prisioneiros nazistas. Muitos pretendiam simplesmente liquidá-los, falando-se de fuzilamentos em massa. Os norte-americanos impuseram a força de sua razão, para realizar julgamentos históricos em Nuremberg.<br />
<br />
Pode-se dizer que Nuremberg foi um tribunal de exceção, criado após os crimes terem sido cometidos. Que se constituiu em uma justiça dos vitoriosos, não dos vencidos. Ou que crimes foram delimitados após os fatos, rompendo uma histórica barreira doutrinária.<br />
<br />
Ainda assim, realizou-se a justiça possível em um momento complexo, inusitado e de proporções até então desconhecidas. Com isso, fixaram-se bases para a construção da jurisdição internacional que se seguiria: Tribunal ad-hoc para a ex-Iugoslávia, para crimes em Ruanda, e, enfim, o Tribunal Penal Internacional.<br />
<br />
E não estamos falando de crimes simples ou corriqueiros. A máquina de matar do Terceiro Reich assassinou nada menos do que seis milhões de judeus, além de homossexuais, comunistas e ciganos. A limpeza étnica de Milosevic aniquilou cerca de 200 mil bósnios e quase 700 mil tutsis foram vítimas na África.<br />
<br />
Mas os Estados Unidos já não têm mais a pretensão de impor julgamentos a grandes criminosos. Nem sequer ratificaram o Estatuto de Roma, com receio de serem eles mesmos inseridos no banco dos réus.<br />
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Hoje, seu presidente vem a público se jactar de ter inserido o assassinato de um terrorista como uma das prioridades de sua gestão, e vangloriar-se de tê-lo conseguido.<br />
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Nada que seja, em si, uma novidade.<br />
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Desde setembro de 2001, a "guerra ao terror" anunciada por George Bush vem justificando todos os excessos norte-americanos.<br />
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Justificou a invasão ao Iraque, cujo pretexto de encontrar armas de destruição em massa se mostrou inverídico. Justificou a invasão ao Afeganistão, justamente para a procura de Bin Laden, e a ocupação do país por quase uma década. Justificou barbaridades cometidas com presos no Oriente Médio, como as fotos de Abu Ghraib expuseram ao mundo.<br />
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E vem ainda justificando centenas de presos jogados em Guantanamo, há nove anos sem qualquer acusação. Recente vazamento do Wikileaks apontou que a própria inteligência americana contabiliza mais de uma centena e meia de inocentes, vítimas colaterais do terrorismo de Estado.<br />
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Barack Obama galvanizou as esperanças de descompressão da era Bush. Na campanha, mostrou o quanto as mudanças eram viáveis e fez o mundo, mais ainda do que os americanos que lhe deram vitória estreita, acreditarem que outro governo era possível.<br />
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Pela expectativa criada, recebeu inclusive um inédito Prêmio Nobel da Paz por antecipação, para que se sentisse devedor dos valores que suas mensagens difundiam.<br />
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Mas, eleito, manteve a ocupação do Afeganistão, manteve seus homens no Iraque, manteve os presos em Guantanamo. Declarou uma guerra, sem ouvir o Congresso. E seu maior trunfo na eleição do ano que vem será nada menos do que a cabeça de Osama Bin Laden jogada ao mar, como resultado da guerra ao terror que havia reeleito Bush.<br />
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Era isso que o "Yes, we can" queria dizer?<br />
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Americanos eufóricos saíram às ruas na madrugada de segunda para comemorar a morte anunciada do terrorista, como faríamos se tivéssemos ganho uma Copa do Mundo.<br />
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Não era apenas alívio - era pura satisfação. Mas esse mórbido sentimento de regozijo dificilmente tornará os Estados Unidos um país mais seguro ou mais feliz para se viver.<br />
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A comemoração pode purgar o sofrimento de um império ofendido por um grupo de lunáticos terroristas, mas a questão é saber: o que irá ao mar junto com o corpo de Osama?<br />
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A delicada e custosa construção da justiça internacional, desnecessária diante do assassinato de Estado.<br />
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A vantagem moral que a civilização impõe à barbárie, prejudicada na absorção pelo poder do modus operandi do terror.<br />
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A evolução de séculos que enquadrou a vingança dentro dos conceitos e dos limites do direito, estabelecendo as noções de pena e processo.<br />
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Difícil crer que a morte de Bin Laden resolva os problemas do terror. Os próprios norte-americanos alertam para possíveis e iminentes represálias.<br />
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Obama está se transformando rapidamente em Bush e isso provavelmente lhe renderá uma reeleição segura.<br />
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Pode estar realizando o desejo de milhões de norte-americanos, à moda de seu antecessor: dar uma lição no terror e mostrar a todos que não há limites ao poder dos EUA.<br />
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Mas não vai conseguir que o mundo acredite que faz guerras em nome da paz e que assassina em nome da justiça.<br />
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[Autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.<br />
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Fonte: Jornal do Terra - terramagazine.terra.com.br]<br />
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<a href="http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56131"><span style="color: black;">http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56131</span></a><br />
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<em>04.05.11 - Mundo </em><br />
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<strong>A barbárie e a estupidez jornalística</strong><br />
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<em>Elaine Tavares</em><br />
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<em>Jornalista</em><br />
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<em>Adital</em><br />
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Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenado o ataque. Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.<br />
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Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.<br />
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Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o "demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do "demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.<br />
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E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.<br />
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O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.<br />
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Olha, eu sei lá, mas o que vi ontem na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do "estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império. Darth Vader é fichinha!<br />
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http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56123<br />
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<em>04.05.11 - Mundo </em><br />
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<strong>A morte de Osama Bin Laden e o Jornal Nacional </strong><br />
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<em>Daniel Welton</em><br />
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<em>Bancário e psicólogo cearense</em><br />
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<em>Adital</em><br />
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Começo me apresentando: Sou brasileiro, cidadão, bancário e psicólogo da cidade de Fortaleza-CE. Não tenho costume de escrever sobre política, nem fatos públicos e pra ser honesto sobre quase coisa nenhuma mas hoje não pude me conter. Espero que possam ler até o fim...<br />
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Dia 02/05/2011, acabo de chegar em casa depois de um dia de trabalho bastante conturbado, como são os primeiros dias úteis, especialmente nas segundas-feiras no Banco do Brasil. Fiquei sabendo vagamente da morte de Osama Bin Laden a partir de rápidos comentários de clientes. Resolvi assistir ao Jornal Nacional para ver as notícias e fiquei realmente chocado com a forma que o assunto foi tratado. A morte era anunciada com um sorriso no rosto por simplesmente todos os repórteres, lembrava muito as coberturas festivas, como os carnavais, as vitórias esportistas, as festas de rua. As palavras "celebravam”, "festejavam” e "comemoravam” eram constantemente citadas e fiquei me perguntando se era realmente de uma morte que aquelas pessoas estavam falando. Em nenhum momento ninguém falava sobre como era um sintoma doentio a comemoração em praça pública de um assassinato. Ou de até que ponto aquele comportamento era ético?<br />
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Não estou aqui de maneira nenhuma defendendo as ações de Osama, muito pelo contrário, repudio seus atos, suas mortes. Mas a comemoração em praça pública de uma morte é pelo menos de se estranhar, de se questionar, e em nenhum momento houve um mínimo sinal do contraditório, do outro ponto de vista. Assistindo só conseguia me lembrar das antigas cerimônias de execução da Idade Média, ou mesmo as provocadas pelos regimes radicais como o Talibã, tão criticada pelo mundo "civilizado” ocidental, no qual o povo festejava os assassinatos, daquele que, por algum motivo, eles consideravam inferiores a si. E o que mais me impressionou é que os argumentos americanos não eram ditos como perspectivas e sim como a verdade nua e crua. Que isso acontecesse na mídia americana não era de se estranhar, mas aqui no Brasil me pareceu um contra-senso. As questões éticas da comemoração de uma morte em nenhum momento foram questionadas. Era como se fosse o óbvio, natural, a comemoração daquelas mortes.<br />
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Uma avó americana foi mostrada com sua netinha tirando fotos dizendo que era uma lembrança para aquela criança da comemoração daquele dia. A netinha devia ter pouco mais de cinco anos. E o jornal seguia mostrando tudo direitinho, a grande festa, aquele momento tão bonito de assassinato. A sede de sangue era clara. As pessoas se abraçavam, comemoravam, as imagens chegavam a ser bonitas, parecia um reveillon, ou a comemoração de um título esportivo, mas não era, era a alegria pela morte, pelo sangue, pela vingança. Espero profundamente que daqui a 100 anos isso seja mostrada como sinal de primitivismo da humanidade do nosso tempo.<br />
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As imagens do 11 de setembro, que eram repetidas o tempo todo, parecia uma maneira de justificar o assassinato de Osama e de mais quatro pessoas, sem nenhum julgamento, e pior, sem nenhum questionamento ético.<br />
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Não aguento mais ver o discurso da paz servir de propósito pra guerra. A história é contada simplesmente por uma perspectiva, a americana, oferecida ao público como uma verdade, que dispensa qualquer criticidade. O fato da operação ter sido feita exclusivamente por Americanos não é questionada. A troca de tiro não resultou em nenhum ferido do lado Ianque e cinco mortes do lado oposto leva a questionar até que ponto se tratou de uma troca de tiros ou de um simples execução sumária. E se foi uma execução sumária, como parece ter sido, o discurso de que Obama usou sua esposa como escudo mais parece uma última provocação. "O morto era covarde”. Que Osama era covarde isso é bem sabido, porém também covarde foi o ato de executar alguém sem julgamento. Não é claro e límpido que sangue só pede mais sangue. Que alguém vai querer vingar essa morte matando e que as mortes que virão pedirão mais morte ainda?<br />
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Nenhum detalhe sobre essa execução, a meu ver, pode ser levada a sério, pois não havia testemunhas, apenas os soldados americanos envolvidos. Nenhuma autoridade paquistanesa envolvida na operação, e isso sequer foi questionado. Osama foi assassinado NO PAQUISTÃO. O exército americano simplesmente entra, executa, destrói o cenário e se livra do corpo, e nada, absolutamente nada é questionado. Como se realmente o mundo fosse deles, como parecem verdadeiramente acreditar. As autoridades do Paquistão sequer tomam conhecimento do caso. E assim parece se manter toda a imprensa local, pelo mesmo caminho.<br />
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Jogaram o corpo no mar. Pronto. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fizeram um exame de DNA, a partir de uma suposta irmã de Osama, de um cara que diga-se de passagem tem 51 irmãos. Qual a seriedade disso? Ninguém questiona. É como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não é claro e límpido que existe alguma coisa estranha aí?<br />
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Para piorar, ainda vêm vários líderes mundiais a público dar os parabéns ao presidente americano. A justificativa que Obama não quis bombardear a casa a qual alegaram que se encontrava Osama por não querer ferir civis inocentes foi dita como a coisa mais normal do mundo sem mencionar o banho de sangue ao qual foi submetido o Afeganistão, como a morte de milhares de civis inocentes com a justificativa de encontrar Osama Bin Laden. É como se a guerra nunca tivesse acontecido.<br />
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Em nenhum momento um comentário crítico sobre as reais circunstâncias políticas envolvidas no caso. Nada sobre a guerra do Iraque baseada exclusivamente na alegativa americana de que estes estavam produzindo armas químicas e nucleares, coisa que o próprio relatório americano desmentiu no final, quando admitiram que se enganaram e que não havia armas químicas nenhuma. Saldo da guerra: Mais de 100 mil mortos. Em nenhum momento o petróleo foi mencionado, é como se esse produto não tivesse nenhuma relação com as milhares de mortes. Em nenhum momento foi dito do financiamento americano ao grupo de Osama Bin Laden, antes destes se voltarem contra seus interesses puramente econômicos.<br />
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Espero que não fique aqui parecendo que estou defendendo os métodos ou atitudes terroristas, mas apenas dizendo que uma guerra como essa não tem mocinhos. O ódio só gera ódio dos dois lados. E isso precisa ser dito. É preciso dizer: BASTA, CHEGA DE SANGUE! Quero poder dizer aos meus filhos que vamos celebrar a paz e o amor e não a morte e a vingança. Milhares de pessoas morreram dos dois lados, tudo isso é lamentável, e a frase que vem a minha mente quando penso nisso tudo é a da composição que diz que "Não importam os motivos da guerra, a paz ainda é mais importante que eles”.<br />
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Obrigado pra quem leu meu desabafo até o fim. Se acharem válido podem passar pra frente.<br />
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Um abraço a todos,<br />
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http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56147Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-90583879204958224512011-02-13T08:13:00.000-08:002011-02-13T08:13:06.067-08:00Sobre a farsa humanaResolvi fazer uma "confissão" aqui, algo que não falei para ninguém até hoje mas que, vira e mexe, me pego sentindo/pensando..<br />
Alguém já teve a sensação de que nós, seres humanos, representamos uma grande farsa? Vou explicar melhor.. às vezes, não sempre, nem com todos, eu olho para as pessoas, ou para mim mesma, e vejo o quanto somos ridículos e risíveis e o quanto é patética a nossa tentativa de dar um significado e uma seriedade às nossas vidas, aos nossos atos e a tudo o que nos cerca.. eu me pego sentindo e vendo o quanto nos esforçamos para disfarçar a nossa ridicularidade.. o quanto nos levamos a sério e levamos a sério aquilo que fazemos, a nossa própria encenação.. <br />
Parece que estamos sempre querendo mostrar o quanto valemos a pena, o quanto nossas vidas e atitudes valem a pena.. mas, no fundo, bem no fundo às vezes, sabemos que não somos nada e que nada é realmente sério.. nossa vaidade, nossos planos, nossos sonhos, nossa rotina, nossa ideias.. tudo é uma grande farsa.. necessária, mas nem por isso menos farsa.. pra fingir que algo faz sentido.<br />
E isso serve pra todo mundo.. até para as melhores pessoas, para aquelas que realmente estão um passo além.. porque essas pessoas existem, felizmente, senão tudo seria ainda mais patético.<br />
Isso nem é uma crítica, é algo que eu vejo ou sinto em alguns momentos.. nem estou querendo depreciar algo, não estou sendo pessimista, nem nada disso.. não tiro a nossa razão em sermos como somos, porque, afinal, o que mais poderíamos fazer a não ser representar a grande farsa da humanidade? É o que nos mantém vivos e "lúcidos".. acho que os que não conseguem representá-la com ardor são os que "enloquecem" ou os que nunca se adequam de verdade ao mundo.. são os gênios, os artistas.. e os "loucos". <br />
Alguém entende o que eu estou querendo dizer e sente da mesma forma? <br />
Não sei se soube me explicar.. em muitos momentos, me esqueço disso, e vivo na alienação, achando que realmente tudo é muito sério, nada risível ou ridículo.. mas de repente me lembro e as coisas assumem uma outra dimensão, para logo depois tudo se desvanecer.. <br />
É muito estranho isso.. mas ao mesmo tempo em que essa farsa é ridícula, é também absolutamente necessária, quando não levada ao seus extremos, porque do contrário, o que a gente iria fazer??Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-17253623505234981002011-02-05T19:36:00.000-08:002011-02-05T19:36:01.828-08:00meu deus... a vida sempre nos lembrando de quanto ela é frágil.. de como, do nada, as pessoas partem, sem aviso, sem despedidas.<br />
é terrivelmente impressionante. com quanta bobeira nos preocupamos e o quanto tudo isso é nada diante da morte. nada. do que vale toda a preocupação se, quando a morte chega, a gente não viveu? sorte daqueles que morrem tendo vivido, azar dos que estão vivos porém mortos.<br />
como é triste ver as pessoas partindo e ver o sofrimento que fica para aqueles que as amam. nessas horas, eu só queria saber o que dizer pra consolar minimamente, mas eu sei que nada consola, pode até reconfortar, mas não tira a dor, nunca tira.. para lidar com a morte, só o tempo.. só essas duas "entidades" pra se completarem e aliviarem.Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-21563278179865239222011-02-04T13:47:00.000-08:002011-02-04T13:47:39.529-08:00Resolvi fazer uma mudança de rumos na minha vida e agora estou com muito, muito medo do que virá por ai.. o que a gente faz pra ter coragem e seguir em frente com algo que não se sabe se dará certo? De onde tirar forças e lutar contra os problemas, a falta de compreensão que deve estar por vir e todas as outras dificuldades?<br />
Alguém de vocês já mudou 100% o rumo de suas vidas? Se sim, me conte como foi e no que deu. Quem sabe assim eu me animo mais e crio uma certa coragem....Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-13660539775100526272011-01-25T10:46:00.000-08:002011-01-25T10:59:10.160-08:00Pra compartilhar:<ul><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/QES-eQ4lR5U?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><li>Por mais que eu adore várias formas de Arte, não posso negar que nenhuma outra me faz sentir tão bem como quando ouço certas músicas.. e olha que nem são super sinfonias, belíssimas, complexas e elaboradas.. são músicas simples, mas que me trazem emoções tão boas que não consigo sequer descrever.. um misto de lembranças e promessas que nenhuma outra forma de Arte me proporciona... </li>
</ul><br />
<ul><li>Algo incrível (e quem me conhece vai compreender o porquê) tem me acontecido com relação à cidade onde eu moro... sempre odiei aqui, mas, dê uns tempos pra cá, em especial depois da minha experiência frustrada em SP no ano passado, passei a adorar certas coisas que minha terra natal me oferece, o céu é a principal delas! Até hoje não vi um céu tão bonito como o de Marília.. ele sempre me faz sorrir de felicidade.</li>
</ul><br />
<div></div>Agora chega de cometários cor-de-rosa ehehehe<br />
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<div>Voltarei um dia desses... ;P</div><br />
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<div></div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-10072423340051157902010-12-26T11:39:00.000-08:002010-12-26T11:39:04.528-08:00Reflexão sobre o professor esfaqueado...Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!). A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.” Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”. Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.<br />
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Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca: <br />
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EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;<br />
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EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;<br />
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EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;<br />
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EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;<br />
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EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;<br />
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EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;<br />
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EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã; <br />
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EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com<br />
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segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;<br />
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EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;<br />
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EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;<br />
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EU ACUSO os “cabeças–boas” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,<br />
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EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;<br />
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EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.<br />
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EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;<br />
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EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;<br />
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Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”. A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.” Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.<br />
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Igor Pantuzza Wildmann<br />
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Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-78420058146643890292010-12-25T18:45:00.000-08:002015-01-09T19:40:41.258-08:00DecepçõesHoje passei por dois momentos que me chatearam, como sempre chateiam quando vivencio situações parecidas. O pior é que foi basicamente a mesma coisa em dois lugares diferentes: comentários sobre homossexuais.<br />
Fico ouvindo as pessoas falarem não ter nada contra quem é homossexual ou bissexual, mas no fundo, às vezes até nem tão no fundo, o preconceito está ali. Logo após ouvir o "eu não tenho nada contra, não é por isso que eu deixaria de gostar da pessoa ou de ser amigo dela" vem o "mas eu não quero ficar sozinho perto de fulano, porque descobri que ele é gay..." e por ai vai.. tudo dai pra baixo.<br />
Por que as pessoas não admitem que são SIM preconceituosas e MUITO?? Isso me irrita tremendamente.<br />
Acho que hoje em dia, muitas pessoas são apenas mais polidas quando se trata desse assunto porque, agora, é politicamente incorreto falar mal de pessoas com outras preferências sexuais, ou de crença, etc. Mas em muitos casos isso só acontece por isso mesmo: porque é politicamente incorreto falar mal ou assumir que não gosta daquilo que é visto como minoria, ou como diferente.. no fundo o preconceito continua existindo, as pessoas continuam, de alguma forma, segregando os que são diferentes ou que julgam ser diferentes.. e dão a isso outras desculpas, que não a do preconceito.<br />
Eu não digo que eu não tenha preconceitos também, eu os tenho porque é algo muito arraigado.. nascemos em uma sociedade repleta de preconceitos e temos a escolha de combatê-los ou de aceitá-los e perpetuá-los.. então, desde muitos anos, eu tenho me esforçado em combater os preconceitos que me foram legados pela nossa sociedade e pela nossa cultura. Hoje, na maioria dos casos, eu faço isso de forma automática, a ponto de achar absurdo quando percebo o preconceito no outro.. mas não é fácil, eu sei.. sei que é difícil, pra muita gente, combater uma forma de pensar que foi herdada de outras gerações, mas também sei que isso não é desculpa para não se tentar melhorar e para continuar cometendo os mesmos erros que nossos pais, avós, bisavós, etc cometeram.<br />
<strong><span style="color: red;">Quantas gerações ainda serão necessárias para que ter preconceito contra algo ou alguém seja a acessão à regra, e não a regra em si??</span></strong><br />
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Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-45126090091768220292010-12-14T12:26:00.000-08:002015-01-09T19:41:09.574-08:00Observações interessantes... para mim pelo menos hehehehEu comecei a ler, cerca de 4 dias atrás, um livro sobre o Romantismo, assunto que muito me interessa.. e resolvi postar aqui um trecho relativamente longo, mas com o qual eu concordo, em especial nas partes que destaquei em negrito. Fora isso, queria fazer uma observação sobre o Goethe e o Schiller, ao contrário do que eu disse no último post, se não me engano, eles não parecem ser apenas cabeçudos.. por algumas coisas que li nesse livro parece-me que eles eram meio brincalhões, às vezes.. hehe (me sentiria mal se não relativizasse o que disse, mesmo sabendo que isso pouco importa).<br />
Lá vai o trecho ao qual me referi:<br />
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“(...)<br />
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Mais ou menos na mesma época em que Goethe escolhe a literatura como salvação contra a revolução e os românticos ainda a celebram com entusiasmo, Schiller sente-se por ela coagido a criar uma teoria estética moderna. Ele se transforma no iniciador das subsequentes tentativas românticas de incluir a revolução no mundo filosófico-literário, não apenas como tema, mas também como princípio produtivo. Em outras palavras: a teoria schilleriana do jogo, de 1794, é o prelúdio da revolução literária romântica em torno de 1800.<br />
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Schiller também tinha, inicialmente, abraçado a revolução, mas então sentiu-se repelido pelo modo como esta se desenrolou. Pouco antes dos assassinatos do mês de setembro de 1792 — quando quase duas mil pessoas foram abatidas pela plebe parisiense, depois de o rei ter sido executado —, <strong>ele havia começado a conceber uma terapia estética que deveria ajudar a tornar as pessoas aptas à liberdade. Que elas não o são, segundo Schiller, havia sido provado suficientemente pêlos excessos da revolução: "instintos sem lei e brutos" teriam sido liberados "depois da dissipação da ordem social", e se teriam "apressado com ira incontrolável em direção à sua satisfação animal”. Não eram, pois, homens livres que haviam sido oprimidos pelo Estado. Não. Eram apenas animais selvagens que ele havia colocado em correntes curadoras. Como resposta à Revolução Francesa, Schiller faz a ousada tentativa de superar a França revolucionária com uma revolução alternativa, uma revolução do espírito. Somente o jogo das artes, para ele, poderia verdadeiramente tornar o homem livre.</strong> Em primeiro lugar interiormente, e mais tarde — quando a situação na Alemanha tivesse amadurecido — também exteriormente. <strong>Ele colocava grande esperança no efeito libertador da arte e da literatura.</strong> A primeira geração dos românticos irá se apoiar nessa valorização ímpar do estético.<br />
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Schiller denomina a Revolução Francesa um momento frutífero que aconteceu a uma raça infértil. Infértil porque não era livre por dentro. <strong>Mas o que significa ser livre por dentro? Não devemos ser dependentes dos desejos; não importa se os perseguimos de maneira crua e primitiva ou com o refinamento da civilização.</strong> De qualquer maneira, o homem permanece sob o comando da natureza, sem poder controlar a si próprio. Mas não vivemos nós numa era do Iluminismo e da ciência, num período do florescimento do espírito livre e pesquisador? Não, diz Schiller, não se deve superestimar as atuais conquistas. O Iluminismo e a ciência se mostraram apenas como urna cultura teórica, uma coisa externa para bárbaros por dentro. A razão pública ainda não tocou o âmago da pessoa, nem o transformou. O que deve ser feito? O único caminho para a libertação do homem interior não é a luta política pela liberdade exterior? Só se aprende a liberdade quando se luta politicamente por ela. É isso pelo menos que Fichte e outros amigos da liberdade vão opor contra Schiller, que rejeita o conceito do learning by doing, como se diria hoje em dia. Seu argumento é: quando se enfraquece ou até mesmo se desfaz muito cedo a garra autoritária do Estado (do Estado natural) por meio da luta política, as consequências inevitáveis são a anarquia e a multiplicada violência e arbitrariedade dos egoísmos: A sociedade livre, em vez de projetar-se em direção à vida orgânica, tomba de volta ao elementar. Tem-se de, no lugar disso, abrir ao homem um campo de exercício da liberdade; tem-se de — enquanto o Estado natural ainda persiste em garantir a existência física do homem — criar os fundamentos espirituais sobre os quais se pode criar futuramente o Estado livre. Não se pode primeiro destruir o mecanismo do Estado e em seguida querer inventar um novo; tem-se, pelo contrário, de trocar a roda enquanto em movimento. <br />
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Mas por que essa troca da roda em movimento — essa revolução na maneira de pensar — poderia ser gerada exatamente pela arte e pelo trato com ela? Porque é através da beleza que se chega à liberdade. Pode-se certamente dizer — e Schiller o faz — que a bela arte educa e aprimora os sentimentos. Essa seria a sua contribuição à civilização. Mas ele não se dá por satisfeito com isso. O mundo estético não é apenas um campo de exercício para o refinamento e enobrecimento dos sentimentos, mas o lugar onde o homem se torna explicitamente aquilo que ele sempre é implicitamente: um homo ludens.<br />
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É apenas na décima quinta das suas cartas, Sobre a educação estética do homem [Über die ästhetische Erziehung des Menschen], que se encontra aquela frase na qual culmina o teor desse tratado, e da qual tudo advém que é importante para Schiller em relação ao belo na arte. Trata-se de uma tese cultural e antropológica com vastas consequências para a compreensão da cultura em geral e do moderno em especial: uma tese com a qual Schiller justifica bem sua exigência de curar a doença da cultura pela educação estética. Essa famosa tese é: "Para dizê-lo de uma vez por todas, o ser humano brinca apenas onde ele corresponde plenamente ao conceito do ser humano, e ele é apenas completamente humano quando brinca.”<br />
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Que jogos? Naturalmente que para ele são primordialmente os jogos da bela literatura e da arte. Mas insinua que nisso toda a civilização está em jogo — porque ela mesma também é um jogo, isto é, uma instituição que transforma um número possivelmente grande de casos sérios em ações lúdicas que os substituem, ou pelo menos possibilitam um trato distanciado com eles. Schiller é um dos primeiros a mostrar que o caminho da natureza para a cultura passa pelo jogo — e isso significa rituais, tabus, simbolizações. A seriedade dos instintos — sexualidade, agressão, concorrência e inimizade — e os medos da morte e da doença e do declínio perdem algo da sua força subjugadora e limitadora da liberdade. Assim, a sexualidade é sublimada como jogo do erotismo, com o que ela para de ser apenas animal e se torna verdadeiramente humana. A isso pertencem então os disfarces, artimanhas, o adorno e as ironias no jogo, através dos quais ocorre aquela magnífica duplicação: gozar o gozo, sentir o sentimento, amar a paixão; ser ao mesmo tempo ator e espectador. Tal jogo é que permite a intensificação refinada, enquanto o desejo se apaga na satisfação e com isso se direciona funestamente ao ponto morto: post coitum omne animal triste. A sexualidade é desejo e proliferação. O erotismo, porém, abre todo um mundo de significados.<br />
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O jogo abre espaços livres. Isso também vale para a violência. A cultura tem de contar com ela e com ela "jogar", por exemplo, na competição ritualizada, na concorrência, nas disputas de oradores. O universo simbólico da cultura oferece um alívio no que concerne aos casos sérios de morte e extermínio mútuo. Ele torna a vida dos homens em comunidade — esses animais perigosos — vivível. A máxima da cultura é: onde existia seriedade, deve haver jogo.<br />
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Evidentemente teremos de continuar com nossos negócios seriamente, atando relações e cuidando delas, arcando com nossas tarefas. Mas tudo depende de estabelecermos um espaço lúdico em relação aos instintos e afetos que nos dominam.<br />
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<strong>Disso também faz parte a independência em relação a meras considerações sobre a utilidade das coisas. A sociedade burguesa, diz Schiller, vive mais do que nunca sob o imperativo da utilidade. Ele a descreve como um sistema fechado da racionalidade do útil e da razão instrumental, como uma máquina social, quase como aquele invólucro de aço tal qual Max Weber a descreverá cem anos mais tarde. "A utilidade", escreve Schiller, "é o grande ídolo da época, a quem todas as forças devem alimentar e todos os talentos devem honrar. Sobre essa grande balança, o ganho espiritual da arte não tem peso nenhum, e, roubada de toda motivação, ele desaparece diante do mercado barulhento do século".</strong> <br />
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<strong>Com a ajuda da arte pode-se aprender que as coisas mais importantes da vida — o amor, a amizade, a religião e mesmo também a arte — têm a sua utilidade em si mesmas, que elas em si não fazem sentido porque funcionalmente estão a serviço de alguma outra coisa. O amor quer o amor, a amizade quer a amizade e a arte, a arte; outros fins são realizados paralelamente, é lógico, mas isso não deve ser intencional. Uma amizade calculada não é uma amizade, e uma arte em função da utilidade social também não é arte. A arte é, como todo jogo, autônoma. Ela tem regras, mas as dá a si mesma. Só pode condescender nos casos sérios, quando se leva a sério. Contrariamente à utilidade geralmente reconhecida, ela tem dentro de si seu próprio fim; é pois estática, como, por exemplo, a religião, à qual se deixa de conhecer no momento em que se a limita funcionalmente a um papel social. Só quando a arte — assim como a religião — quer a si própria pode acontecer que ela, de certa forma involuntariamente, sirva à sociedade. </strong><br />
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<strong>A arte é, pois, em primeiro lugar jogo, em segundo autonomia e, em terceiro, ela compensa aquilo que Schiller analisa como a deformação específica da sociedade burguesa: o sistema de distribuição de empregos. Hölderlin, Hegel e mais tarde Marx, Max Weber e Georg Sirnmel vão recorrer à sua análise. Não há nenhuma perspectiva sobre a sociedade naquele tempo que tenha tido um impacto maior do que a dele. A sociedade moderna, escreve, fez progressos na área da técnica, da ciência e do artesanato em consequência da divisão de trabalho e da especialização. Na mesma proporção em que torna-se mais abastada e complexa como um todo, ela deixa que o indivíduo empobreça em relação ao desenvolvimento dos seus talentos e forças. Na medida em que o todo se mostra como uma totalidade rica, o indivíduo deixa de ser aquilo que ele, de acordo com um pressuposto idealista da Antiguidade, deveria ser: uma pessoa como pequena totalidade. Em vez disso, encontram-se entre os homens de hoje apenas fragmentos, o que faz com que se "tenha de perguntar de indivíduo a indivíduo, para reconhecer a totalidade da raça". Cada um conhece apenas seu ofício especial, seja ele um ofício material ou espiritual. A política também transformou-se num ser maquinário de especialistas do poder; ela não está mais arraigada no mundo da vida, nem é expressão orgânica do poder concentrado de indivíduos: " O prazer foi separado do trabalho, o fim do meio, o esforço da recompensa. Eternamente preso a um único pequeno fragmento do todo, o homem se forma apenas corno fragmento. Ouvindo eternamente o barulho da roda que põe em movimento, ele jamais desenvolve a harmonia do seu ser, e em vez de imprimir humanidade à sua natureza, ele é apenas uma cópia do seu negócio.”</strong><br />
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Mas, em oposição aos sonhos de Rousseau sobre um passado melhor, Schiller insiste que "por menos que o indivíduo possa sentir-se bem sob esse esmigalhamento do seu ser, a raça não teria podido fazer progressos de outra forma". Para desenvolver a inclinação da raça como um todo, não havia aparentemente nenhum outro meio senão o de dividir os indivíduos e mesmo opô-los uns aos outros. Ele denomina o "antagonismo das forças” como o "grande instrumento da cultura", para realizar no todo social a riqueza das forças humanas e para perdê-la na grande massa dos indivíduos. Nessa análise, Hölderlin encontrará a chave para <br />
a compreensão da sua dor em relação ao presente. Em Hipérion, ou O eremita na Grécia [Hyperion] lemos: <strong>"Você vê operários, mas nenhum ser humano; pensadores, mas nenhum ser humano [...] isso não é como o campo de batalha, onde mãos e braços e todos os membros estão misturados uns aos outros, enquanto o sangue vital escorre na areia [...] Mas isso seria suportável, não tivessem os homens que ser insensíveis em relação a toda a beleza da vida [...]"</strong><br />
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O esmigalhamento e a mutilação explicam para Schiller porque, na França, o Iluminismo tenha se tornado pura ideologia como cultura teórica, e que finalmente até se mostre — como vemos no exemplo de Robespierre — o terror da razão, indo não apenas contra, as antigas instituições, mas também contra a crença no coração dos homens.<br />
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<strong>O jogo da arte deve — quando não superar — pelo menos compensar essa lesão cancerígena na sociedade trabalhista que torna o homem um fragmento, uma mera cópia do seu negócio. O jogo da arte estimula o homem a jogar com todas as suas forças — com a razão, o sentimento, a imaginação, a memória e a expectativa. Esse jogo livre liberta o indivíduo das limitações oriundas da divisão do trabalho. Permite a ele, que sofre por causa do esmigalhamento, tornar-se algo inteiro, uma totalidade menor, ainda que apenas no momento de tempo pré-estabelecido e na área limitada da arte. No prazer do belo, ele experimenta o gosto de uma plenitude que, tanto na vida prática quanto no mundo histórico, ainda estão por vir.</strong><br />
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Schiller esperava pois muito da educação estética, e gerou uma até então desconhecida valorização da arte e da literatura.<br />
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A nova consciência da autonomia artística, o estímulo para o grande jogo e para a sublime inutilidade, a promessa de uma totalidade menor — tudo isso deu energia ao Romantismo, cuja primeira geração tem então sua estréia.” (SAFRANSKI, Rüdiger. Romantismo: uma questão alemã. São Paulo, Ed. Estação Liberdade, 2010, p. 41,42,43,44,45,46.) <br />
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Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-51794361845127931792010-12-02T13:36:00.000-08:002010-12-02T13:36:07.104-08:00BRASIL HEAVY METAL - CLIP OFICIAL BHM<iframe height="295" src="http://www.youtube.com/embed/3YeH1xtXn-c?fs=1" frameborder="0" width="480"></iframe><br /><br />;)<br />curtiJulianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-11980152918452106812010-11-25T06:35:00.000-08:002010-11-25T06:35:06.076-08:00<span style="color: red;"><em>"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre </em></span><br />
<span style="color: red;"><em>haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."</em></span><strong> <span style="color: red;">(John Lennon)</span></strong><br />
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Lendo esse texto do Lennon, que uma amiga me passou, fiquei aqui pensando com meus botões.. isso tudo faz muito sentido em minha cabeça, mas não o faz em meu coração. Então eu me pergunto: o que fazer para sentir, e não só saber, que deveria ser assim e que de fato será assim?<br />
Sinto-me tão cansada de "bater com a cabeça na parede".. O medo de me relacionar já se tornou inerente, à minha pessoa, depois de todas as "porradas" que levei na vida.. então fico temerosa, e ainda não sei se fico temerosa DEMAIS ou se estou na medida certa.. mas tenho medo até de tentar descobrir. Vou tateando devagar perante novas possibilidades e receio, um dia, assim como no texto do Kafka, descobrir que determinada porta, perante a qual me prostrei por medo ou comodidade ou qualquer outra atitude impotente, fosse reservada a mim, não apenas no sentido de me relacionar com alguém, porque realmente, como disse Lennon, não temos apenas uma opção de amor na vida, eu, por exemplo, já tive alguns grandes "amores", mas num sentido mais abrangente, uma porta que me possibilitasse algumas felicidades (nessa vida onde a felicidade é tão rara e por isso mesmo tão preciosa) e que, por um medo meu, permaneceu e permanecerá fechada.. velada pela figura imponente (ou não) do porteiro..<br />
Esse post começou como um desabafo de um coração já muito machucado.. mas agora eu percebo que meu desabafo vai além dos relacionamentos, é um desabafo sobre a vida, e sobre os medos que nos paralizam.. sobre as experiências que nos traumatizam, sobre as pessoas que nos tolhem de muitas formas.<br />
É em momentos assim que minha vontade é a de gritar em pânico.. como no famoso quadro do Munch. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsJzsOZWAw5k-C1-1RuiB0BnPDClXdPhoJGiEMN3gCmMRT9wsWPiD1q8IXyzRC-viihE2BLrQjAAonJ7WpeusK7q75KG5eMmcj1b4NzegcWX-uB88x-tV91LewijAP7H3XhEKyHmHuXIQ/s1600/Diante+da+lei.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsJzsOZWAw5k-C1-1RuiB0BnPDClXdPhoJGiEMN3gCmMRT9wsWPiD1q8IXyzRC-viihE2BLrQjAAonJ7WpeusK7q75KG5eMmcj1b4NzegcWX-uB88x-tV91LewijAP7H3XhEKyHmHuXIQ/s1600/Diante+da+lei.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTc1lgDqkoy9ZT0lhBQs5XhwabExAXdGo11E464TMlLt3iFvjsIK0YSYjLKclEpelbLh6zJHzDoQaT1olxVscGkzz0AOiM0s9sdE9C72sMfdUB2wz3hbX7cAlFuX8IUViNHyuMvw_vIwI/s1600/Edward++Munch-+O+grito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTc1lgDqkoy9ZT0lhBQs5XhwabExAXdGo11E464TMlLt3iFvjsIK0YSYjLKclEpelbLh6zJHzDoQaT1olxVscGkzz0AOiM0s9sdE9C72sMfdUB2wz3hbX7cAlFuX8IUViNHyuMvw_vIwI/s320/Edward++Munch-+O+grito.jpg" width="251" /></a></div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-32835191785845960482010-11-17T17:19:00.000-08:002010-11-17T17:19:45.182-08:00Marcelo Adnet ironiza eleitores elitistas no Comédia MTV<iframe height="295" src="http://www.youtube.com/embed/jrUVle5wdPY?fs=1" frameborder="0" width="480"></iframe>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-22831731566487796612010-11-14T20:52:00.000-08:002010-11-14T20:52:21.504-08:00Guns N' Roses - Don't Cry<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i3.ytimg.com/vi/zRIbf6JqkNc/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/zRIbf6JqkNc?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/zRIbf6JqkNc?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-50982378834681737042010-11-14T20:44:00.000-08:002010-11-14T20:44:35.508-08:00Skid Row - Slave To The Grind (lyrics - subtitulos)<p><object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i4.ytimg.com/vi/kkKXRyhYAyw/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kkKXRyhYAyw?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/kkKXRyhYAyw?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></p><p> </p><p>opaaaaaaa!</p>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-995380933823345312010-11-14T20:17:00.000-08:002010-11-14T20:17:16.619-08:00Bruce Dickinson - Tears Of The Dragon<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i4.ytimg.com/vi/shfZzTJYZWs/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/shfZzTJYZWs?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/shfZzTJYZWs?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-63806965940910551592010-11-14T20:06:00.001-08:002010-11-14T20:15:12.784-08:00David Bowie - Absolute Beginners<object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/9hca-yvFUPk?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/9hca-yvFUPk?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object><br />
<br />
<div style="background-color: transparent; border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; color: black; overflow: hidden; text-align: left; text-decoration: none;"><span style="color: #cc0000;"><strong><em>Absolute beginners</em></strong></span><br />
<br />
<span class="editable_area" style="color: #cc0000;">I've nothing much to offer<br />
There's nothing much to take<br />
I'm an absolute beginner<br />
And I'm absolutely sane<br />
As long as we're together<br />
The rest can go to hell<br />
I absolutely love you<br />
But we're absolute beginners<br />
With eyes completely open<br />
But nervous all the same<br />
<br />
If our love song<br />
Could fly over mountains<br />
Could laugh at the ocean<br />
Just like the films<br />
There's no reason<br />
To feel all the hard times<br />
To lay down the hard lines<br />
It's absolutely true<br />
<br />
Nothing much could happen<br />
Nothing we can't shake<br />
Oh we're absolute beginners<br />
With nothing much at stake<br />
As long as you're still smiling<br />
There's nothing more I need<br />
I absolutely love you<br />
But we're absolute beginners<br />
But if my love is your love<br />
We're certain to succeed<br />
<br />
If our love song<br />
Could fly over mountains<br />
Sail over heartaches<br />
Just like the films<br />
There's no reason<br />
To feel all the hard times<br />
To lay down the hard lines<br />
It's absolutely true</span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #cc0000;"><strong>(acho que já postei essa letra, mas "reposto")</strong></span></div>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-84323759305586890382010-11-14T20:06:00.000-08:002010-11-14T20:06:30.325-08:00David Bowie - The Man Who Sold The World<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i1.ytimg.com/vi/LSnXjE66tvQ/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/LSnXjE66tvQ?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/LSnXjE66tvQ?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-32379364773264401762010-11-14T20:05:00.000-08:002010-11-14T20:05:28.334-08:00Labyrinth - As The World Falls Down (David Bowie)<p><object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i3.ytimg.com/vi/VppuD1St8Ec/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/VppuD1St8Ec?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/VppuD1St8Ec?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></p><p>Amo amo amo amo! Uma das mais belas músicas de todos os tempos!</p>Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-24120729836878012952010-11-12T11:15:00.000-08:002010-11-12T11:15:16.158-08:00A polêmica sobre o aborto e alguns pontos de vistaEu não sou católica e admito até ter certas birras com pessoas extremamente religiosas (sejam católicas, protestantes, espíritas, evangélicas, etc) porque não tenho a menor paciência com o extremismo ideológico adotado por muitas delas, mas, justamente por isso, acredito ser válido repassar os links de uma entrevista que assisti, e que achei muito interessante, a respeito do aborto, questão que deu todo aquele bafafá durante as eleições. Assista quem quiser e reflita se possível (não deixa de ser válido).<br />
<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=xMPLGHSvkuw&feature=player_embedded">http://www.youtube.com/watch?v=xMPLGHSvkuw&feature=player_embedded</a><br />
<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=yzHaOM_RX_E&feature=related">http://www.youtube.com/watch?v=yzHaOM_RX_E&feature=related</a><br />
<br />
Achei interessante postar também o link de uma reportagem feita pelo CQC. Nele, dá para perceber que o fanatismo religioso e a alienação que muitas vezes ele gera são como pragas, não importa em que(m) você acredita, a menos que você seja uma pessoa reflexiva, corre o risco de "pensar" e de reproduzir asneiras (como fez o pastor pentecostal entrevistado). Por outro lado, se você tiver o mínimo de discernimento e de bom senso, pode dizer coisas interessantes e defender ideias tolerantes, como o fizeram as representantes da ONG Católicas pelo Direito de Decidir. Mas é claro que ninguém precisa dizer "amém" (com todo o poder da ironia no uso dessa palavra neste contexto) para o que elas ou quaisquer outros disserem.Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3736796298204306156.post-63308797748121532482010-11-11T09:00:00.000-08:002015-01-09T19:42:42.866-08:00Um pouco de lirismo...Como eu não tenho escrito nada por aqui e só tenho postado videos, resolvi mudar um pouco o padrão e deixar um textinho bem mais interessante do que qualquer outra coisa que eu poderia escrever. <br />
<br />
<br />
<span style="color: #e06666;"><strong><em>"Há bens inalienáveis, há certos momentos </em></strong><strong><em>que, ao contrário do que pensas, fazem parte da tua vida presente e não </em></strong><strong><em>do teu passado. E abrem-se no teu sorriso mesmo quando, </em></strong><strong><em>deslembrado deles, estiveres sorrindo a outras coisas."</em></strong></span><br />
<br />
<span style="color: red;"><em></em><br /></span>
<span style="color: red;">Mario Quintana</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Julianahttp://www.blogger.com/profile/06621089612385485900noreply@blogger.com0