quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre
haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém." (John Lennon)

Lendo esse texto do Lennon, que uma amiga me passou, fiquei aqui pensando com meus botões.. isso tudo faz muito sentido em minha cabeça, mas não o faz em meu coração. Então eu me pergunto: o que fazer para sentir, e não só saber, que deveria ser assim e que de fato será assim?
Sinto-me tão cansada de "bater com a cabeça na parede".. O medo de me relacionar já se tornou inerente, à minha pessoa, depois de todas as "porradas" que levei na vida.. então fico temerosa, e ainda não sei se fico temerosa DEMAIS ou se estou na medida certa.. mas tenho medo até de tentar descobrir. Vou tateando devagar perante novas possibilidades e receio, um dia, assim como no texto do Kafka, descobrir que determinada porta, perante a qual me prostrei por medo ou comodidade ou qualquer outra atitude impotente, fosse reservada a mim, não apenas no sentido de me relacionar com alguém, porque realmente, como disse Lennon, não temos apenas uma opção de amor na vida, eu, por exemplo, já tive alguns grandes "amores", mas num sentido mais abrangente, uma porta que me possibilitasse algumas felicidades (nessa vida onde a felicidade é tão rara e por isso mesmo tão preciosa) e que, por um medo meu, permaneceu e permanecerá fechada.. velada pela figura imponente (ou não) do porteiro..
Esse post começou como um desabafo de um coração já muito machucado.. mas agora eu percebo que meu desabafo vai além dos relacionamentos, é um desabafo sobre a vida, e sobre os medos que nos paralizam.. sobre as experiências que nos traumatizam, sobre as pessoas que nos tolhem de muitas formas.
É em momentos assim que minha vontade é a de gritar em pânico.. como no famoso quadro do Munch.


3 comentários:

Vampira Dea disse...

Amar é tudo de bom acho que não se deve esperar, teorizar ou se preocupar, acontece,amar a nós mesmos é a melhor coisa que há pq assim fica mais fácil amar tudo o mais ]

Beijo

Cléo disse...

"Não faça a sua felicidade depender do que não depende de você."


lendo seu blog essa frase que li sei lá aonde me veio a cabeça...

Juliana disse...

cléo.. a frase faz sentido, mas ainda não sei como torná-la concretizável hehe ;)